Jornalistas&Cia 1437

Edição 1.437 página 34 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 Em que lugar, na história, surgiu o primeiro bordel? Teria sido na Grécia ou em Roma, na China ou Japão, na Índia ou Egito? Num livro há informação de que surgiu na Grécia, noutro, em Roma, e assim por diante. Na verdade, na verdade, ninguém sabe ao certo onde e quando surgiu o primeiro bordel. Mas ainda é o caso de se perguntar: em Sodoma ou Gomorra? Há dois ou três mil anos? A história de Sodoma e Gomorra é contada e recontada de todas as formas no teatro, no cinema e em livros, como fez Sade em Os 120 dias de Sodoma ou a Escola da Libertinagem. É um livro muito louco, escrito em 1785. Romance no qual algumas dezenas de pessoas se juntam num castelo ou algo parecido para fazer o que os capetas do inferno fazem: putaria de todos os níveis, incluindo masoquismo. Ninguém sai ileso dessa história. Nem o leitor. Sade de católico não tinha nada. A Bíblia conta que Deus mandou fogo e o diabo a quatro para acabar com Sodoma e Gomorra e mais duas cidades de população pecadora. Sodoma e Gomorra, que ficavam no Oriente Médio, foram destruídas centenas de anos antes de Cristo. Pompeia, que pertencia a Roma, implodiu poucos anos depois de Cristo. Num piscar de olhos. Arqueólogos descobriram restos de Pompeia. Nesses restos havia rastros pontilhados com o que seriam representações de falos indicando como chegar ao que chamamos hoje de “casa de tolerância”. Lê-se na apresentação do livro História dos Grandes Bordéis do Mundo, de Emmett Murphy, o seguinte: “Em meados de 1970, na maior cidade da América, na capital mundial do entretenimento, foi elaborado um plano para abrir o maior bordel dos Estados Unidos. O estabelecimento deveria ficar situado a poucos passos do Times Square: segundo as estimativas, o local é frequentado anualmente por 16 milhões de visitantes, tanto turistas como participantes de congressos, que geram um movimento anual de 5 bilhões de dólares...” A exploração do lenocínio sempre rendeu muito dinheiro, em qualquer tempo e lugar. E quem menos ganha nessa história é a mulher que abre as pernas. O que se sabe com certeza é que vem de tempos imemoriais o uso do corpo como mercadoria. Já no início do primeiro capítulo do seu livro, Murphy escreve: “Estamos em 1200 a. C. Na Ásia, os chineses estão publicando um dicionário de 40 mil caracteres. Na Ásia Menor, os gregos estão sitiando Troia. No Mediterrâneo, os fenícios constituem o principal poder comercial. No Egito, são promulgadas as primeiras leis regulamentando a venda de cerveja. E na Terra Santa, Josué está prestes a atacar a cidade de Jericó...” Licenciosidade na cultura popular (XXXVI) Jericó é uma cidade palestina localizada na Cisjordânia. É das mais antigas do mundo. Por lá andou Cristo. Na Bíblia há a informação de que Josué, depois de comandar uma matança em Jericó, casou-se com uma prostituta de nome Rahab. O Velho Testamento apresenta algumas pistas para se ir a lugares em que mulheres de má fama atendiam aos estímulos sexuais de homens de boa fama, casados e tal. Pois é, no tocante a essa questão, a história ainda se acha muito distante de nós. Nebulosa. Os portugueses trouxeram para o Brasil, além de folguedos populares, ditos que caíram facilmente na boca do povo. Um desses é “casa da mãe Joana”. Você não sabe o que é casa da mãe Joana? Essa expressão, surgida lá pelo século 14, talvez na França, tem por significado um lugar ou local em que a desordem é uma constante. Desordem no sentido de desarrumação, bagunça etc. Outra versão dessa expressão tem a ver com uma cafetina muito “bondosa”, que tratava as prostitutas como uma mãe. Chamava-se Joana. A prostituta Rahab era independente. Atendia à “clientela” em casa, como tantas e tantas fazem até hoje nos pequenos e grandes centros. Mas, enfim, o papo aqui é bordel. Não sei como se fala ou se escreve bordel em grego. Há uns seis séculos antes de Cristo, o governador de Atenas era Sólon não sei de quê. Era grandão e integrava o grupo fechado de meia dúzia de sábios idolatrados pelos gregos. Naquela época, gregos tarados pegavam mulheres na rua. Era uma esculhambação, uma zona só! Foi quando Sólon chegou pra dar um basta e pôr ordem na desarrumação. Àquela altura, Sólon tentava a todo custo resolver problemas de ordem financeira que estava enfrentando. E aí ele delimitou o espaço para a prática da prostituição remunerada. O curioso nesse caso é que o Estado recebia uma porcentagem do faturamento do que hoje chamamos lenocínio. Como se vê, não é de hoje que se faz ou se tenta fazer o que se fez lá atrás, na Grécia. Há até os dias atuais cidades mundo afora que têm ambientes reservados para exploração sexual: Rio, São Paulo... No Rio existiu um bordel muito famoso chamado Casa Rosa. Começou nos anos 1940 e seguiu anos adentro. Ficava em Laranjeiras. Foi tombada e virou centro cultural. Até um filme virou. Título: Pretérito Perfeito, em cujo elenco entrou o compositor e cantor roqueiro Lobão. Tão famosa como a Casa Rosa foi a boate La Licorne. Funcionou na capital paulista, entre 1965 e 1991. Ficava na Vila Buarque. O título dessa casa remete à figura mitológica do unicórnio, que nas páginas da história aparece como uma espécie de cavalo com um corno na testa. (continua na próxima edição) Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora Pág.1

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