Edição 1.437 página 33 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. Nos últimos anos, o podcasting emergiu como uma poderosa plataforma de informação, desencadeando debates sobre quem está sintonizando e quais formatos ressoam mais globalmente. Este artigo mergulha no fascinante mundo dos podcasts de notícias, destacando padrões de consumo, preferências de formato e as principais descobertas em 20 países, tendo como base o estudo do Reuters Institute denominado Relatório de notícias digitais 2023. Embora a era do podcasting tenha sido proclamada, a falta de sistemas robustos de medição dificultou a compreensão completa desse fenômeno por alguns anos. A fragmentação nas plataformas, como Apple, Spotify e YouTube, também tornou mais difíceis as pesquisas, mas desde 2018 o Instituto tem buscado analisar os dados sobre esse mercado. A utilização global de podcasts cresceu para cerca de 34% no último período, com os podcasts de notícias crescendo mais lentamente, competindo com programas especializados e de estilo de vida. É fato que o formato atrai, na média, um público mais rico, educado e, principalmente, jovem. Nos Estados Unidos, os programas de bate-papo lideraram, como o famoso The Joe Rogan Experience, enquanto resumos de notícias e análises profundas mantêm um tom mais neutro. No Reino Unido, programas de bate-papo com foco político, como The Rest is Politics, competem com uma variedade de opções de BBC, emissoras comerciais e jornais. Já na Austrália destacam-se podcasts explicativos e aprofundados, liderados por Full Story do Guardian e ABC News Daily, embora 46% dos programas mais ouvidos venham de fora do país. Na França, redes como France Inter e RTL lideram, mas o jornal financeiro Les Echos inova com La Story, enquanto Hugo Décrypte conquista o público jovem. Na Espanha, El País e El Mundo competem com jornalistas mais jovens, como Jordi Wild, que trazem uma abordagem híbrida de áudio e vídeo. Em terras alemãs, a ARD domina com adaptações de rádio e podcasts locais, enquanto a T-Mobile se destaca com um programa de notícias voltado para alto-falantes inteligentes. As editoras tradicionais, como Die Zeit, também entram no jogo com programas como Alles O universo dos podcasts de notícias: tendências e preferências GeSegt, tendo uma entrevista que durou impressionantes oito horas e meia. Os países nórdicos (Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca), destacam-se pelas suas emissoras públicas liderando o mercado. O podcast Oppdatert, da NRK na Noruega, é um sucesso diário, enquanto a DR dinamarquesa inova com o profundo Genstart, atraindo uma audiência mais jovem. Nos mercados maiores, como os Estados Unidos, competir com gigantes tecnológicos é desafiador. A exceção é a BBC Sounds no Reino Unido, que rivaliza com o Spotify. O YouTube lidera nos Estados Unidos, destacando a ascensão dos videocasts. A categorização dos podcasts entre países revela uma paisagem complexa. No entanto, o uso de ferramentas de interação continua chamando a atenção, sendo uma opção atrativa para os editores devido à sua produção relativamente econômica. Em alguns países, podcasts de “aprofundamento” (explicativos) conquistam alcance significativo. Apesar do crescimento global, os desafios de monetização persistem, especialmente em mercados menores, deixando muitos dependentes de plataformas como Spotify e YouTube. Emissoras públicas e comerciais continuam a liderar, mas competem com vozes diversas, incluindo comediantes e acadêmicos. O podcasting continua a atrair uma audiência global, com conteúdo de alta qualidade, formatos sólidos e apresentadores envolventes sendo fundamentais para o sucesso. No entanto, o atual crescimento de audiência pode não corresponder à quantidade exponencial de novos programas em produção. No cenário dinâmico do podcasting, a inovação e a diferenciação são cruciais para se destacar em meio à concorrência crescente. À medida que a era dourada do podcasting se estabelece, uma análise aprofundada do cenário global revela nuances intrigantes sobre quem está sintonizando, quais formatos conquistam o público e os desafios enfrentados por criadores e anunciantes. Assim, enquanto comemoramos o atual crescimento do consumo de podcasting, é crucial considerar que o futuro será moldado pela capacidade de adaptação, originalidade e busca incessante pela excelência. A única constante é a mudança, e aqueles que conseguem surfar as ondas da inovação continuam a liderar o mercado, mantendo os podcasts de notícias não apenas relevantes, mas também indispensáveis no cenário midiático global. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Pág.1
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