Jornalistas&Cia 1437

Edição 1.437 página 12 2023 Apoio Apoio Institucional Realização Patrocínio Ouro Patrocínio Bronze simbólico, mas uma medida concreta em direção a uma imprensa mais equitativa e reflexiva, o que para mim são fatores fundamentais para o avanço e a transformação do cenário jornalístico brasileiro”. u Repórter do portal Metrópoles, e vencedora em 2023 dos tradicionais prêmios SIP, da Sociedade Interamericana de Imprensa, e Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Rebeca Borges foi a escolhida para receber o Troféu Tim Maia – Revelação do Ano. u “É uma honra muito grande estar aqui diante de dezenas de nomes inspiradores”, afirmou em seu discurso. “Acredito que nenhuma vitória é individual, especialmente quando se é uma pessoa negra. Esse troféu também é de Paulo e Alessandra, meus pais, que batalharam a vida toda e se desdobraram de todas as formas possíveis, enfrentando os desafios impostos a pessoas pretas em nosso país, para garantir que eu tivesse uma boa educação. Esse troféu também é de Roberta e Rafael, meus irmãos e maiores confidentes. Essa vitória é de Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da UNB e minha professora e orientadora durante a graduação. Uma mulher negra pioneira no movimento de cotas raciais. Essa vitória é dos colegas pretos que insistem em fazer jornalismo no Brasil e no mundo. Se estou aqui hoje, é por nomes como Glória Maria e Tim Lopes, como Flavio Carrança e Rosane Borges, como Zileide Silva, Basilia Rodrigues, Flavia Oliveira e tantos outros. Mas se estou aqui hoje, também é pela nova geração de jornalistas pretos, especialmente os que estão na cobertura diária de Brasília comigo, batalhando por mais espaços nas redações e pela atenção das autoridades às questões raciais”. u O Troféu Luiz Gama – Decano e Decana do Jornalismo, foi entregue respectivamente aos professores Flávio Carrança e Rosane Borges, que além de décadas de carreira dedicadas à luta antirracista e à promoção da atuação de profissionais negros na Comunicação, são autores da coletânea Espelho Infiel: o negro no jornalismo brasileiro. u O primeiro a subir ao palco para receber a homenagem foi Flávio Carrança, que destacou a criação, a história e os avanços conquistados pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial – Cojira SP, órgão do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo que ajudou a criar e coordenou por 20 anos. “Eu queria cumprimentar essa iniciativa, que vai ao encontro dos objetivos da Cojira. Acho que o trabalho que o Jornalistas&Cia vem desenvolvendo nesse campo é muito importante, que contempla inclusive o levantamento de informações sobre a presença de jornalistas negros nas redações, que é um dado importante para a implementação de políticas de combate ao racismo. Eu realmente fiquei muito feliz com a homenagem e vamos em frente nesta luta! E não posso deixar de lembrar do saudoso Paulo Vieira Lima, parceiro histórico de vocês do J&Cia, que foi um dos fundadores do movimento, sendo dele a sugestão do nome da nossa Cojira”. u Na sequência, Rosane Borges destacou a importância do prêmio, do que o difere de tantas outras iniciativas e fez uma bela homenagem à ancestralidade e às lutas encabeçadas por Zumbi dos Palmares: “Há toda uma discussão sobre prêmios. No contexto em que a gente está, de artificialismos, de uma performance vazia, às vezes os prêmios caem em um lugar comum, mas não é o caso deste prêmio. Um dos motivos de eu aceitar esse prêmio, e não é modéstia nem encenação, é por pensar que ele decididamente não é meu. Esse prêmio é das vozes que me habitam e das vozes que nos antecedem. Esse prêmio é das vozes das mulheres negras silenciadas. Esse prêmio é desse momento do nosso presente, que é pura fonte de inspiração. Esse prêmio responde a uma convocatória do presente, recolhendo o que a imprensa colonial racista tentou soterrar, mas assim como Palmares, e assim como os quilombolas, nós resistimos e estamos fazendo Palmares de novo”. u E concluiu: “Mas a gente faz Palmares de novo não apenas resistindo, denunciando, morrendo, sendo violados, denunciando a violência. A gente faz Palmares de novo porque nós estamos em pleno 2023, a despeito de tudo, celebrando, acreditando, movimentando e realizando. Esse prêmio, mais que um reconhecimento das nossas trajetórias pessoais e das nossas lutas, sintetiza um Himalaia de questões. E eu diria, sem medo de ser megalômana, ele reposiciona, reatualiza e renova a luta de Zumbi dos Palmares”. Flávio Carrança, Rosane Borges e Denora Paolucci Pág.1

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