Edição 1.427 página 31 O policial na entrevista me disse que era inocente. Que a acusação era falsa. E confidenciou que seus únicos bens eram um apartamento comprado para ser pago em 20 anos, um carro popular e uma secretária eletrônica, que na época era novidade em São Paulo. A matéria foi publicada no sábado e era meu plantão. Atendi a um telefonema lá pelas 11 da manhã e um homem deu risadas sobre a entrevista que eu havia feito. E mandou: − Se quer mesmo saber a verdade vai nos cartórios de duas cidades do interior e vai ver se a história é mesmo essa. Anotei os nomes e decidi verificar. Duas semanas depois eu tinha em mãos documentos que comprovavam o contrário do que havia dito o policial. Ele tinha duas fazendas em seu nome e em nome da mulher, sem conseguir justificar como conseguira comprar aquelas propriedades com o salário de investigador. Foi um grande furo. O policial acabou processado e demitido da polícia. Zé Galinha me cumprimentou, disse que o jornaleiro do seu bairro falara sobre a matéria porque conhecia o acusado desde adolescente. Os dois tinham estudado no mesmo colégio. Um virou policial e o outro, dono de bancas de jornais. Essas e outras histórias serão contadas em um livro que estou planejando. Histórias do dia a dia de uma redação. De um repórter. De uma Delegacia. De... “Serra Pelada”, antigo prédio do Detran de São Paulo Parceiro: Apoio: De Londres e de São Paulo, notícias, ideias e tendências em jornalismo, informação, desinformação e plataformas digitais Oferecimento (MediaTalks Partner):
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