Jornalistas&Cia 1424

Edição 1.424 página 30 Esta história aconteceu comigo, muito tempo atrás, quando eu ainda era um franguinho dando minhas primeiras ciscadas no terreiro da reportagem policial em São Paulo. Ou, se preferir levar dentro das normas rígidas da zoologia profissional, não era um franguinho, e sim um foca. Mas, como foca não dá primeiros passos, pois nem pé tem, difícil explicar em que fase da carreira eu estava. Mas era lá, bem no começo, novinho ainda. Faz tanto tempo que o 3º Distrito Policial – que também faz tempo que funciona na esquina da rua Aurora – ainda nem estava lá na rua Aurora. Estava, aliás, nos Campos Elísios, que era onde deveria estar até hoje, já que se chama delegacia dos Campos Elísios. No lugar onde está, devia ser chamado de delegacia da Boca do Lixo. Mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que tinham prendido um estelionatário, aplicando lá um golpe que esses estelionatários aplicam, não me lembro qual, e levaram o meliante ao 3º DP. Que, aliás, esqueci de dizer, ficava na rua Vitorino Carmilo, menos de meio quarteirão abaixo da Lopes de Oliveira. Menos de dois quilômetros longe do jornal. Dava para ir a pé. Mas fui de carro, para contar a história do golpista, ou, como se falava então, do truta. Faz muito tempo que não entro numa delegacia de polícia em São Paulo, e quando eu falo em muito tempo é muito tempo mesmo – coisa de mais de 40 anos. Então não sei como anda a decoração, a disposição das mesas, se tem cafezinho para as visitas, se o delegado de plantão fica numa posição em que, se você não tomar cuidado, tropeça nele… Mas naquele tempo, sim, especificamente naquela delegacia, você tropeçaria no pobre do plantonista ou em alguns de seus prepostos, de tanto que eles ficavam quase no meio do caminho! O delegado da vez tinha seu lugar no andar térreo, do lado esquerdo de quem entra, sentado numa mesa de madeira maciça, dentro de um chiqueirinho. Chiqueirinho, aliás, era como a gente falava, por baixo do pano, n A história desta semana é novamente de Marco Antonio Zanfra ([email protected]), que atuou em diversos veículos na capital paulista e em Santa Catarina. Em Florianópolis, onde reside, trabalhou em O Estado e A Notícia, na assessoria de imprensa do Detran e do Instituto de Planejamento Urbano, além de ter sido diretor de Apoio e Mídias na Secretaria de Comunicação da Prefeitura. É também escritor. Luzes, câmera... Marco Antonio Zanfra n O Observatório Nacional de Violência contra Jornalistas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, promoverá o Prêmio Glória Maria. A ideia, da deputada Monica Seixas, do Movimento Pretas do PSOL, obteve em 9/8 parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa de São Paulo, dando andamento ao projeto protocolado por ela. u A iniciativa busca reconhecer pessoas, entidades, organizações e empresas de jornalismo e comunicação com destaque na atuação em defesa dos direitos da população negra e resgate histórico e cultural das contribuições do povo negro no Estado de São Paulo. u “Sou jornalista de formação e sempre tive o desejo de promover a pauta do debate racial dentro das redações”, afirma a deputada. “Muito se discute sobre o papel do jornalismo no combate a fake news e na manutenção da democracia, mas é urgente o debate sobre o papel da imprensa na luta antirracista e, para isso, precisamos de diversidade na imprensa”. u Embora a população seja majoritariamente negra e parda (56%), somente 20% dos profissionais de imprensa fazem parte desse grupo. O estudo Perfil Racial da Imprensa Brasileira, realizado há dois anos por este J&Cia e pelo Portal dos Jornalistas, também aponta que 98% desses comunicadores enfrentam mais dificuldade do que brancos de se desenvolverem profissionalmente. u Para Lázara Carvalho, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Justiça e coordenadora executiva do observatório, “a liberdade de imprensa é um direito conquistado e pilar da democracia, assim como a equidade racial e de gênero”. Segundo ela, “Glória Maria, como pioneira e lutadora que sempre foi, representa o jornalismo sério, destemido e ativo, por isso não há melhor nome para esse prêmio”. Prêmio Gloria Maria é aprovado na Comissão de Justiça da Assembleia paulista Glória Maria

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