Edição 1.424 página 20 n Admilson Rezende, correspondente de J&Cia em Minas, dá sequência à entrevista que fez com o jornalista internacional Sérgio Utsch, na qual ele fala sobre a carreira no jornalismo, o que o levou a trabalhar fora do estado e, posteriormente, do Brasil, além de contar algumas curiosidades sobre a área. As duas primeiras partes foram publicadas em J&Cia 1.407 e 1.415. Jornalistas&Cia – Ser jornalista era um sonho? Sérgio Utsch − Era sim. E foi um sonho que vivi com muita intensidade e determinação e que só ficava mais forte à medida que conhecia, tinha contato ou trabalhava com profissionais que admiro. A lista não é pequena. Então não vou citar ninguém pra não cometer nenhuma injustiça. J&Cia – Você quis ser correspondente ou foi um convite? Sérgio Utsch − Ambas as coisas. Marcelo Torres, hoje apresentador do SBT Brasil, era correspondente em Londres. Ele decidiu voltar ao Brasil. Naquele momento, pela minha trajetória anterior, eu era um candidato óbvio. E tudo aconteceu de forma muito natural. J&Cia – Quando decidiu ser jornalista fora de Minas Gerais e por quê? Sérgio Utsch − Decidi sair de Minas quando recebi um convite da Ana Paula Padrão para fazer parte da equipe que reformularia o Jornalismo do SBT. Foi desafiador e um dos maiores acertos da minha vida profissional, ainda que estivesse deixando para trás a TV Globo e o Jornal Nacional. J&Cia – Como se preparou para a mudança e quanto tempo levou? Sérgio Utsch − Não foi rápido, porque o visto de trabalho para o Reino Unido é algo muito minucioso e burocrático. Inclusive, precisei fazer uma prova para comprovar minha fluência em inglês. J&Cia – Correspondente pode escolher ou não fazer uma pauta? Sérgio Utsch − Claro que pode. Tudo depende de uma negociação com a chefia, porque as decisões não podem ser unilaterais. No meu caso, tenho uma relação muito madura e fraterna com meus editores e chefes. Nos respeitamos demais. Isso ajuda muito. J&Cia – O que mudou para o Sérgio e sua família, depois de anos como correspondente? Sérgio Utsch − O Sérgio, depois de 12 anos como correspondente internacional e 12 anos fora do Brasil, é um sujeito que, obviamente, compreende o mundo e as diferenças de forma muito melhor. É um sujeito que também compreende as perspectivas de cada povo de forma mais madura. É um sujeito que compreendeu bem que, pra conhecer outros lugares e a essência desses lugares, é preciso ter Minas Gerais (*) Sérgio Utsch: “Não dá pra medir a cultura dos outros com a nossa própria régua” coração e mente abertos. Não dá pra medir a cultura dos outros com a nossa própria régua. J&Cia – Quais são as principais diferenças do jornalismo diário na redação e como correspondente? Sérgio Utsch − O mecanismo da redação é diferente, porque envolve muitas pessoas no processo. No meu caso específico, tenho que ser um pouco de todas essas pessoas. Sou o auxiliar administrativo, a agência que vai marcar passagens e hotéis, o produtor que vai fazer os credenciamentos para grandes eventos, o câmera que vai gravar a passagem, o repórter que vai escrever a matéria e o faxineiro que vai dar uma geral no escritório depois de um dia de trabalho. J&Cia – O que a função de correspondente emprestou para o Sérgio e o que você emprestou para a função? Sérgio Utsch − Acho que já falei sobre como esses anos foram transformadores para mim. No sentido contrário, acho que emprestei um pouco da minha mineiridade para a função de correspondente. Os ingleses que trabalham comigo dizem que é diferente a maneira como abordo as pessoas e converso com elas. Pra mim, é como uma prosa que estou tendo com alguém, sempre de forma tranquila e respeitosa. Isso não me faz melhor do que ninguém, mas acho que a mineiridade ajuda muito em alguns momentos. J&Cia – Sérgio tem projeto para livros? Sérgio Utsch − Tenho sim. Mas ainda não posso falar muito sobre isso. J&Cia – Quais são os seus próximos passos? Sérgio Utsch − Ser um profissional melhor do que sou hoje. J&Cia – Quais são os sonhos ainda para realizar? Sérgio Utsch − Mais alguns documentários e projetos que me permitam fugir da limitação das matérias curtas do noticiário diário. Tenho necessidade e, hoje, muito mais experiência pra contar histórias mais completas, com o contexto necessário para que elas sejam melhor digeridas. Sérgio Utsch Crédito: SBT/Reprodução Sérgio Utsch
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