Edição 1.424 página 16 Após resolvermos e atendermos o público “da casa”, podemos pensar em como ampliar essa base com ações contínuas e de impacto, como benefícios em clubes de compras, descontos em produtos e serviços na região e promoções que envolvam os ouvintes com mais exposição, em que possam participar de eventos; atividades que facilitem a produção de material nas redes sociais de forma orgânica, e não as patrocinadas realizadas de forma aleatória; ferramentas digitais e uso de CRM para afinar os projetos, que não só ajudam a mapear o perfil dos usuários das redes sociais da emissora, mas também os que acessam o site por onde navegam, e quais os conteúdos de maior interesse. Com esses dados, podemos pensar na audiência de forma segmentada, por idade, sexo, renda, tempo de navegação, área geográfica, tipo de acesso etc, facilitando a criação de novas estratégias de ação, com diversidade e rotatividade nos canais da empresa. Ainda é difícil para muitas emissoras entender que os ouvintes podem estar on e off line e ainda assim consumirem conteúdos de suas plataformas e do dial. Dessa forma, precisamos pensar em projetos de venda que integrem todos os canais de comunicação da empresa com a sua audiência. Esse portifólio diversificado é o que irá atrair os anunciantes de forma mais forte. Mas e se os anunciantes não tiverem essa cultura? Ou ainda não entenderem a importância desse tipo de ação? Basta as emissoras passarem a apresentar cases com dados e “educar” o mercado local para que saiba usar esses processos em favor de todos. Com isso, a empresa reduzirá a dependência de recursos das marcas das grandes emissoras nacionais, tendo mais possibilidades de comercializar os espaços locais de forma mais eficiente. Para esses anunciantes que já estão envolvidos com as emissoras vale desenvolver projetos exclusivos, com linguagem específicas, características sonoras e locuções diferenciadas para marcar suas campanhas. Quando mais específicos formos na produção das campanhas, melhores resultados teremos. Grandes empresas de diversos setores entenderam que precisavam internalizar as estratégias de marketing e comunicação; com isso, criaram miniagências para atender as suas demandas. Cabe aqui um questionamento: será que as emissoras não poderiam criar miniagências para atender a seus anunciantes, diferenciando seus espaços comerciais nas diversas plataformas? Em se falando de plataformas, os ouvintes cada vez mais aderem às facilidades das plataformas de streaming. Este é um caminho sem (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. volta. Então, quais conteúdos as emissoras podem aproveitar e disponibilizar nessas plataformas para atrair a atenção dos usuários? Quais conteúdos podem ser feitos de forma exclusiva para o streaming e que possam ser comercializados? São questões importantes para um mercado que não é novo. Outra reclamação das emissoras é da redução dos investimentos na mídia rádio por parte dos anunciantes, que muitas vezes acreditam que o “futuro” está apenas no digital. Porém, as rádios podem aproveitar os sites e as redes sociais como hubs para comércio eletrônico voltado aos seus ouvintes/clientes. É possível vender vários tipos de produtos e serviços ganhando alguns centavos por transação. Pôxa, mas como ganhar dinheiro assim? Basta ter um fluxo contínuo de compradores; as empresas ganham na quantidade e no fato de que mesmo sem esforço a plataforma de comercio eletrônico continua vendendo 24 horas por dia. Precisamos lembrar que rádio é prestação de serviços. Então, as emissoras poderiam aproveitar suas redes sociais e sites para organizar informações úteis para os moradores locais e turistas que possam passar pela região. Importante pensar em como ajustar esses conteúdos para aparecerem nas buscas do Google com um bom posicionamento. E por último, mas não menos importante, o uso de podcasts nas programações e a sua comercialização podem ser outra fonte de recursos importantes. Porém, a ideia não é vender o anúncio, mas, sim, produzir de forma conjunta. As emissoras têm estrutura, profissionais e conhecimento para prestar serviço para as empresas na produção de conteúdos comerciais sobre produtos e serviços didáticos para cursos internos e material de entretenimento. Ou seja, podem utilizar a capacidade instalada da empresa como uma produtora local. Enfim, estas são apenas ideias para provocar um maior debate sobre o rádio e suas possibilidades em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado, em que boas ideias podem valer mais que investimentos diretos. Lembrando que parte dessas ideias pode ser explorada em parceria com outras emissoras e outras empresas de comunicação da sua região. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.
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