Jornalistas&Cia 1423

Edição 1.423 página 16 (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) O rádio foi um dos destaques da Feira e Congresso da SET (Sociedade de Engenharia de TV), instituição fundada em 1988 e formada por profissionais de engenharia, tecnologia, operação, pesquisa, instituições de ensino e empresas do setor. Boa parte dos recursos apresentados indicam um forte processo de integração entre mídias, sendo que o áudio ainda é um recurso muito importante para as empresas do setor de radiodifusão e entretenimento. O evento, de 7 a 10/8, no Expo Center Norte, na capital paulista, tratou de produção de conteúdo, distribuição e inovações como realidade virtual, inteligência artificial, 5G, internet das coisas (IOT) e streaming. Outro ponto diferencial foram as discussões sobre a TV 3.0, já que se espera que em dezembro deste ano seja definido o padrão tecnológico que o Brasil irá utilizar. Uma série de painéis trouxe especialistas no meio rádio para explicar as transformações que estão ocorrendo no mercado e as tendências em desenvolvimento, já que o rádio vem retomando um maior fluxo de investimentos. Segundo dados divulgados pela SET, baseados na Kantar Ibope, o meio se mantém como uma das principais oportunidades de negócio no setor, pois: 57% dos ouvintes buscam informações, 55% querem emoção (por meio de música, esporte e religião), 38% têm o rádio como companhia e 35% buscam diversão. De acordo com Eduardo Cappia, conselheiro da entidade e diretor da EMC, o rádio é ouvido por 83% da população em 13 regiões, tendo um aumento de 3% em relação a 2021. Os ouvintes passam em média 3 horas e 58 minutos escutando as programações diariamente. Dada SET discute as tendências para o rádio no Brasil a importância do segmento, ocorreram três painéis sobre temas de importância para o setor, um deles Jornalismo independente: mérito, virtude ou imprescindível, no qual foi possível conhecer as empresas que atuam produzindo material para as emissoras complementando as programações ou sendo a base do jornalismo radiofônico de muitas delas. Outro painel foi sobre Regulação do Rádio, com participação da Anatel e do Ministério das Comunicações, tendo como referência as possibilidades de formatos híbridos no mercado brasileiro. Também tivemos a discussão sobre O novo rádio do mundo digital, em que o foco foi a experiência do ouvinte-usuário e as possibilidades de novas relações com os produtos radiofônicos. Entre os pontos abordados está a participação das emissoras em sistemas multiplataforma, em os usuários podem acessar os materiais das empresas em diversos formatos síncronos e assíncronos, dando mais liberdade de escolha aos ouvintes. Mas, ao mesmo tempo, essa possibilidade traz um problema para o segmento: como ser relevante diante de tantos conteúdos e empresas diferentes buscando a atenção dos usuários? Nesse quesito a diferenciação dos conteúdos pela qualidade e maior interação com os públicos é um fator de ampliação do consumo de áudio. As emissoras de rádio já atuam com grande aproximação do cotidiano dos ouvintes, onde esta relação deve ser levada para as demais plataformas, possibilitando maior parceria entre meios de comunicação e anunciantes. Entre os estudos apresentados um demonstra que há um processo de transição harmonioso entre analógico e digital, já que os ouvintes que consomem rádio por ondas estão migrando para os formatos digitais de forma tranquila, sem grandes saltos ou problemas. Parte disso ocorre pelo maior acesso à rede e as facilidades do uso de devices como o celular. Outro dado importante é que o áudio supera as outras mídias em termos de retenção, segundo um estudo da Dentsu, que indica que a publicidade nesse formato gera mais segundos de atenção por mil impressões, sendo que esse formato de atenção é quase o dobro do vídeo. Este texto contou com informações de entrevistas com profissionais do setor, SET e do portal TudoRádio. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

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