Edição 1.409 página 25 ESPECIAL DIA DA IMPRENSA Jornalismo Digital 3 Cases com a agilidade que cada público demanda”, garante Maluf. Mas isso não significa o abandono do que ele chama de “jornalismo raiz”, no qual jornalistas mais experientes, mais atualizados, mais bem informados trazem as notícias de maior relevância na política, economia, saúde, tecnologia e assuntos internacionais. Estes estão no produto menos conhecido do grupo, o portal Perfil Brasil, um site bastante descolado do core da casa editora: as revistas. Maluf acredita que o jornalismo tradicional nunca vai morrer, mas o novo jornalismo parte do princípio de que se o profissional não conhecer tecnologia ele será alijado do mercado. “Para os novos jornalistas, que estão saindo da faculdade, não há nenhuma dificuldade de adaptação à linguagem, eles já sabem lidar com isso”. Nesse universo, diz que Caras continua sendo a joia da coroa. O que faz muito sentido se considerarmos, como ele, que a revista “já nasceu no formato instagramável, foi a pioneira do formato, ainda no papel”, diverte-se. Para sustentar esse modelo de negócios, o Grupo Perfil alicerça suas receitas editoriais em um mix bem estruturado: 40% de publicidade programática, 20% de vendas diretas e 40% de eventos. “Sua marca digital vai ter de surfar a onda programática, que é o pior dinheiro que você pode receber, mas eu não conheço marcas que estejam tendo lucro sem essas ramificações”, afirma Maluf. Hoje, as 15 marcas do Grupo Perfil no Brasil atingem 60 milhões de pageviews, audiência que caminha para a estabilização. Desse total, 95% entram pelo celular. O Grupo ainda mantém uma quantidade de revistas impressas, mas é um volume praticamente residual, para um público acima dos 50 anos de idade − embora existam bastante leitores 70+ que dominam perfeitamente o digital. “Eles estão surfando da mesma forma que um jovem, não têm dificuldade”, garante Maluf. Já a avaliação que o executivo faz do público jovem é diferente. “Os jovens estão mais rasos, pelo excesso de informação e pela falta de profundidade em tudo, não é só na leitura. Ninguém mais quer filme longo, ninguém vai ao cinema, ninguém mais fica duas horas na piscina, o mundo mudou”, afirma. Mas no que diz respeito ao jornalismo, Maluf é otimista e acredita que esse momento de produção rasa que vivemos começará a mudar quando o jornalismo tradicional voltar, aos poucos, a fazer parte do dia a dia das redações. Ele defende que “o jornalismo autoral precisa de espaço para ser autoral, precisa de um tempo, precisa ser elaborado. Isso fará com que as notas sejam maiores e as pessoas vão ser levadas a ler mais”. Maluf acredita que o jornalismo de qualidade tem espaço sempre e se a proposta de um portal novo será de fazer algo de qualidade vai ter muito espaço.
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