Jornalistas&Cia 1407

Edição 1.407 página 38 (*) Com a colaboração de Admilson Resende ([email protected]), da Multi Comunicar n A Band Minas anunciou em 19/4 o desligamento de Alê Oliveira, um dos apresentadores do programa Donos da Bola MG. Ele comentou que a forma como pensa não é mais compatível com a forma de se expressar na TV ou rádio nos dias atuais. Alê segue na Rádio Itatiaia e no YouTube, com o Canal do Alê. n A Globo está promovendo diversas mudanças em seus quadros nas últimas semanas e a representante mineira também foi afetada, fazendo com que diversos profissionais assumissem novas funções. Entre eles, Vagner Tolendato, que foi promovido a apresentador, substituindo Carlos Eduardo Alvim (Cadu) no Bom Dia Minas e no MG1. u Tolendato destacou-se como repórter e seu trabalho de rua é bem visto pela emissora, sendo diversas vezes veiculado nos principais noticiosos da rede, como Jornal Nacional e Fantástico. Cadu permanece como repórter. As informações são do portal Moon BH. arriscou mais, quem enfrentou o maior perigo. A cobertura das linhas de combate é importantíssima, mas não é suficiente para compreender o conflito. J&Cia – Conte uma ou duas situações em que teve muito medo. Utsch − Eu me lembro de algumas situações em que tive medo, como o primeiro contato com os Talibãs no Afeganistão e a queda de um morteiro perto de nossa equipe, na fronteira da Síria com a Turquia. Mas, não me lembro de ter tido muito medo de nada. E não me orgulho disso. J&Cia – Conte uma ou duas situações em que a emoção “falou mais alto”. Utsch − Perto de Mossul, no Iraque, havia um campo de refugiados com cerca de 70 mil pessoas. Uma das muitas crianças que estavam ali nos seguia, chorando e mostrando o braço. Era um menino que tinha uma espécie de tatuagem. Era o nome do pai dele, que tinha sido sequestrado pelo Estado Islâmico, anos atrás. Ele estava, provavelmente, morto, mas o menino seguia, perguntando para todos os que, na cabeça dele, teriam condições de ajudar. Foi muito comovente. Recentemente, em Dnipro, na Ucrânia, visitamos um prédio residencial que tinha sido bombardeado pelos russos. Fomos até ao apartamento de uma aposentada, cujas paredes e janelas tinham sido destruídas, mas ela se recusava a sair. No dia em que estivemos lá, dona Ludmila tinha feito um Borscht, uma sopa típica da Ucrânia. Só nos deixou sair depois de comermos. Foi um gesto bastante comovente também. J&Cia – Como fica a pauta durante esse tipo de cobertura? Utsch − Depende de qual é a sua proposta. Se for factual, a pauta é que o acontecer no dia. Se for algo mais produzido, como fizemos no Iraque, por exemplo, é a pauta que tá proposta. J&Cia – O que esse tipo de cobertura muda no Sérgio? Utsch − Muda muita coisa. Estar em situações tão extremas quanto um conflito armado te ajuda a enxergar todos os problemas − privados ou não − de uma forma diferente, geralmente de forma menos dramática e mais racional. J&Cia – Como é ser “testemunha da história”? Utsch − É um privilégio. de Gaza), eu nunca tinha pensado que cobriria uma. Foi outro passo da minha carreira, que aconteceu de forma natural. J&Cia – Quais são os principais desafios de uma cobertura de guerra? Utsch − O desafio maior, além da óbvia questão da segurança, é a logística: como chegar, onde ir, onde se hospedar, como fazer os deslocamentos, como ter acesso a determinadas regiões, que horários são menos arriscados. Se você seguir a cartilha de segurança, é preciso fazer, diariamente, um risk assessment, um levantamento de riscos para tornar o seu trabalho mais seguro e eficiente. J&Cia – Como conciliar medo, segurança e cobertura durante a guerra? Utsch − O medo pode te ajudar, desde que não se transforme em pânico. O pânico pode ser tão perigoso quanto a ausência do medo. É preciso ter, acima de tudo, equilíbrio para tomar decisões em circunstâncias em que você, às vezes, não tem muito tempo pra isso. A experiência ajuda bastante a conciliar tudo isso. J&Cia − Quais foram as coberturas que nunca esquecerá? Utsch − Haiti/2010, terremoto. Iraque/2016, Ucrânia/2014/2022/2023. J&Cia – Teve algum pesadelo ou situações que te incomodaram após as coberturas? Utsch − Todos os profissionais envolvidos nesse tipo de cobertura estão sujeitos a algum nível de estresse pós-traumático. É absolutamente normal. Ter experiência ajuda a reconhecer isso e a se cuidar mais, tanto na prevenção quanto no inevitável tratamento após as coberturas. J&Cia – Como conciliar o pessoal e o profissional durante esse tipo de cobertura? Utsch − Praticamente impossível. Você é jornalista 25 horas por dia. J&Cia – O que mais te incomoda nesse tipo de cobertura? Utsch − Entre alguns correspondentes, principalmente aqueles que trabalham quase exclusivamente em conflitos, há uma competição não verbalizada, mas muito nítida, sobre quem foi ao lugar mais perigoso, quem se Vagner Tolendato substitui a Cadu Alvim como apresentador da Globo Minas Vagner Tolendato Alê Oliveira deixa a TV Band Alê Oliveira conitnuação - Minas Gerais (*)

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