Jornalistas&Cia 1407

Edição 1.407 página 35 (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) Todos os anos os profissionais de radiodifusão ficam atentos às novidades que são expostas na NAB Show, feira, congresso e área de negócios onde a cadeia de produção se reúne para discutir o futuro do mercado de radiodifusão. O evento é organizado anualmente pela National Association of Broadcasters dos EUA no Las Vegas Convention Center, sendo a principal associação de defesa dos interesses da emissoras norte-americanas, que promove uma série de ações sobre os interesses das empresas de rádio e TV em assuntos legislativos, regulatórios e públicos. Como em anos anteriores, tivemos uma delegação brasileira de profissionais do setor, que aproveitaram para acompanhar o evento e buscar novos modelos de negócios e tecnologia para o mercado brasileiro. Entre os visitantes estava Daniel Starck, diretor e editor-chefe do site Tudo Rádio, que nos ajudou a ter uma visão ampla das novidades para o meio rádio. Ele começou afirmando que a feira está com mais fluxo de pessoas depois dos anos de paralisação presencial pela pandemia da Covid-19, mas que há uma série de novos dispositivos para melhorar as estruturas dos estúdios, deixando-os com menos fios e muito mais conexões de IP, que possibilitam melhor qualidade de áudio e mais velocidade no desempenho dos equipamentos de transmissão. Cabe lembrar que esses equipamentos estão cada vez menores e mais eficientes, possibilitando a estruturação de estúdios em pequenos espaços, sejam dentro da emissora ou em áreas externas para a transmissão de eventos (como shows e futebol). Outro aspecto bem lembrado pelo especialista é que a integração de áudio e vídeo para emissões simultâneas, via ondas, via internet e nas redes sociais, é uma realidade para os profissionais “do ar” se acostumarem a falar para as câmeras e interagir com os ouvintes/espectadores. Starck ressaltou um dos painéis que sobre o futuro do rádio, em que Sam Matheney (vice-presidente executivo de Tecnologia e CTO da NAB) reuniu representantes de empresas que desenvolvem conteúdos, equipamentos e programas para o chamado “rádio híbrido”, especialmente para o setor automotivo. Os empresários foram unanimes sobre a necessidade de o meio rádio implementar formatos que possibilitem novas experiências aos usuários, buscando adaptação aos dispositivos e plataformas mais modernos. Daniel afirma que os especialistas dizem que o futuro do rádio está baseado em telas, serviços conectados e elementos visuais, evitando a simples exibição de frequências nos displays dos equipamentos. A intenção é utilizar os pacotes de metadados para entregar novos conteúdos, gerando oportunidades diferenciadas entre as empresas e os As novidades da NAB 2023 Daniel Starck consumidores: “O modelo híbrido, que combina dados e serviços para a recepção de rádio, pode melhorar significativamente a experiência do ouvinte. Com serviços conectados, é possível acompanhar e seguir os ouvintes, além de ampliar a cobertura das emissoras, através da troca automática entre o sinal do ar e o streaming, de acordo com a melhor opção disponível no momento”. Ele explica o conceito: “É o rádio híbrido. É a junção dos dois mundos, do online e do off-line. Você ouve a rádio pelo FM, por exemplo; quando perde o sinal da emissora, automaticamente o sistema entra com streaming e assim é quase imperceptível a diferença”. Outro ponto de ataque do setor é a melhoria das experiências dos ouvintes em qualquer dispositivo, seja o celular, o equipamento do carro ou uma smartspeaker, pois o lema é “o rádio precisa estar disponível em qualquer plataforma possível”. Dentro desse conceito várias empresas apresentaram ferramentas de inteligência artificial para melhorar o desempenho das emissoras na produção de conteúdo. Mas é evidente que esse tema traz a discussão do corte de profissionais, que serão substituídos pela IA: “Há um consenso aqui de que as pessoas que serão substituídas pela inteligência artificial são aquelas que não utilizam as ferramentas de IA, que não sabem trabalhar com elas ou que simplesmente desempenham funções que a ferramenta, de uma forma muito básica, já desempenha”. Os temas são importantes e até polêmicos, por isso, iremos desdobrá-los em mais de uma coluna para tentarmos dar um panorama mais completo sobre as inovações do setor de radiodifusão. Na próxima semana tem mais. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. NAB 2023

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