Jornalistas&Cia 1404

Edição 1.404 página 44 PRECIO SIDADES do Por Assis Ângelo Acervo ASSIS ÂNGELO No dia 8 de abril de 1843 nascia na Itália um cara chamado Angelo Agostini. Esse cara foi levado pelos pais à França. E lá estudou. Tinha 16 anos de idade quando chegou ao Brasil. Morou em São Paulo. Agostini foi o nosso primeiro quadrinista. Quadrinista é o artista que conta histórias em desenhos. No dia 26 de setembro de 1921 nascia em São Cristóvão, bairro do Rio de Janeiro, um cara chamado Alcides Aguiar Caminha. Caminha foi um dos pioneiros criadores das revistinhas de sacanagem no Brasil. O mais explícito. Até 1949 os jovens − principalmente os jovens −, para se satisfazerem sexualmente sozinhos tinham de apelar para a imaginação sem o “auxílio” de revistas de mulher pelada. Dureza. Até então, o que havia à disposição dos onanistas de plantão eram revistas “naturalistas”, com fotografias de mulheres nuas em jardins, parques e publicações com mulheres desfilando em maiôs pelas praias. Estou falando principalmente de revistas, mas é bom que se diga que já na virada do século 19 havia jornais direcionados a um público que na intimidade dava asas à imaginação, sexualmente ou putanamente falando. Um desses jornais, O Rio Nu, marcou época. Começou a circular em 1898 e foi até 1916. O último número, de dezembro daquele ano, trazia o conto O Don Juan de Calças Largas. Putaria implícita. O Rio Nu foi o jornal que inventou o “gênero alegre”. A primeira revista ou revistinha de sacanagem explícita chegou à praça no ano de 1949, nas bancas do Rio. O governo era de Gaspar Dutra. O pioneiro nessa história foi Carlos Zéfiro. As revistinhas do sacana Zéfiro passavam de mão em mão, literalmente. Mas quem era Zéfiro? Em novembro de 1991 a revista Playboy dedicou cinco páginas ao personagem que fez a alegria de jovens e marmanjos afoitos, durante Licenciosidade na cultura popular – III (A saga de Carlos Zéfiro) pelo menos duas décadas. Como chamada de capa a revista trazia: “Acabou o mistério de 30 anos − Revelamos a verdadeira identidade de Carlos Zéfiro, o lendário autor dos quadrinhos eróticos que enlouqueciam o País”. E lá dentro a manchete: “O Fim de 30 Anos de Mistério”. O autor da matéria, jornalista Juca Kfouri, lembra que foi muito difícil convencer o autor dos chamados “catecismos” a revelar o seu nome verdadeiro: Alcides Aguiar Caminha. Encafifado que sempre fui no tocante a essa história, peguei o telefone e Juca me disse que o momento era mais ou menos impróprio. Estava assistindo na TV a uma partida de futebol para comentar no dia seguinte, mas papo vem papo vai, revelou e deixou-me fazer perguntas. Contou-me detalhes que não contou na entrevista que fez com o criador de Zéfiro. A história contada por Juca, à época diretor da revista Playboy, começou quando recebeu um telefonema de Moacy Cirne, professor da Universidade Federal Fluminense. O professor perguntava se interessava fazer cobertura de uma exposição de revistas de sacanagem que estava na programação da Universidade. E Juca respondeu com outra pergunta: “E o Zéfiro vai estar?”. Como resposta, o professor disse que havia muito tempo também estava à procura do famoso autor das historietas de libertinagem, tão procuradas por gente de todo tipo. Pouco depois dessa conversa Juca recebeu um telefonema do diretor da revista Imprensa, Sinval de Itacarambi Leão. Queria saber se a Juca interessava entrevistar o “verdadeiro” Carlos Zéfiro. Claro, A edição com a matéria de Zéfiro agora é peça de colecionador Zéfiro produziu e publicou pelo menos 600 títulos dos famosos “catecismos” Já foram publicados pelo menos quatro livros sobre as aventuras de Zéfiro

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