Jornalistas&Cia 1404

Edição 1.404 página 4 DIA DO JORNALISTA Centenário de Claudio Abramo Foram irmãos de Claudio o gravador e ilustrador Lívio Abramo, que se instalou no Paraguai; a atriz Lélia Abramo; o jornalista Fúlvio Abramo; e o crítico e diretor de teatro Athos Abramo. Foi tio de Perseu Abramo, que dá o nome à fundação de estudos do Partido dos Trabalhadores. Todos com forte presença no jornalismo, na política e nas artes do País. Depois de várias andanças no início da vida profissional, Abramo desembarcou, em meio à década de 1940, como colaborador no jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, herdeiro de A Província de S. Paulo, que fora defensora intrépida da Proclamação de República e que era comandada por Júlio de Mesquita Filho, um dos ilustres membros da elite do Estado. Os Mesquita retomavam o comando do jornal, que sofrera intervenção por parte do governo, então ditatorial, de Getulio Vargas, vindos do exílio em Portugal. Arejando o antigo Estadão Ao cair nas graças do comandante do jornal, depois de inúmeras reportagens sobre problemas brasileiros e cursos na Europa, após ser contratado Abramo ascendeu à Secretaria Editorial do jornal. A redação tinha feudos, como a editoria de Economia, chefiada pelo austríaco Frederico Heller, ou a de Internacional, pelo italiano Gianinno Carta (ou Giani), pai do então jovem Mino Carta (que também viria a se tornar um dos principais jornalistas do País). Abramo enfrentou a remodelação da produção gráfica do jornal, abriu as portas para uma nova geração de jornalistas, oxigenando a produção de reportagens e matérias. Era um período em que a capital brasileira ainda era o Rio de Janeiro, na qual pontificavam jornais como Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal do Brasil − cuja importância ainda cresceria −, Última Hora, neste caso com as edições carioca e paulista que apoiavam solitariamente Getulio Vargas, até este se suicidar em 1954, em função da oposição conservadora e militar. Uma das coberturas marcantes que Abramo comandou no Estadão foi a da inauguração de Brasília, que em meio a muita polêmica durante sua construção, liderada por Juscelino Kubitscheck, passou a sediar a Capital do País. Abramo, que era a favor da nova capital, contrariamente à opinião dos Mesquita, deslocou uma equipe para Brasília, que voltou a São Paulo escrevendo as matérias no avião, cujos espaços estavam previamente diagramados. Entre outras modificações, Abramo passou a concentrar as matérias sobre o Brasil na última página do jornal, já que a primeira, refletindo a visão de mundo de Júlio de Mesquita, só abrigava as internacionais, esquema que foi modificado paulatinamente. O Estadão passou a dominar o mercado paulista, onde concorria com Diários Associados, A Gazeta, Folha de S.Paulo, Última Os irmãos Abramo: a partir da esquerda, Lívio, Lélia, Fúlvio, Athos e o sobrinho Perseu Claudio (dir.) com o então presidente Juscelino Kubitscheck

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