Jornalistas&Cia 1404

Edição 1.404 página 2 DIA DO JORNALISTA Centenário de Claudio Abramo Claudio Abramo foi o responsável por transformar e dar relevância nacional aos mais importantes jornais de São Paulo O que comentaria o jornalista Claudio Abramo sobre o estado atual, a qualidade, da imprensa brasileira? Nascido há um século (6/4/1923), Abramo foi um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros, senão o mais brilhante, da segunda metade do século XX, tendo liderado na sua caminhada, primeiro, a modernização de O Estado de S. Paulo e posteriormente a transformação da Folha de S.Paulo, dois dos principais jornais do País. Um feito notável pela importância dos dois jornais no Brasil, ao que se somou uma intensa participação no debate político, sempre defendendo ideias progressistas, de esquerda. A história de Abramo aponta que ele, possivelmente, manifestaria espanto diante da cacofonia que se estabeleceu na comunicação, especialmente jornalística, desde a proliferação endêmica das redes sociais. Um espaço em que convivem os esforços informativos sérios das empresas de notícias, de portes variados, com a explosão das fake news que fazem a cabeça e motivam parcelas significativas das populações all over the world e em nosso País. Arrisco dizer que ficaria horrorizado diante do espaço que as redes ocupam no universo informativo, em detrimento da acuidade e seriedade do jornalismo sério. Passemos, como costumava escrever Abramo em seus artigos. “Ele foi o melhor de todos nós” Por Luiz Roberto Serrano (*) Claudio Abramo Uma família trotskista e ativa Este relato, escrito por Claudio Abramo no livro A Regra do Jogo, sobre sua vida, certamente define os caminhos de suas carreira jornalística e ação política: “Tive uma formação clássica humanística. Cresci numa família de revolucionários; meu avô era anarquista, todos os meus irmãos eram trotsquistas. Sou autodidata, não frequentei escola. Em 1935, com a repressão do Estado Novo, minha família se espalhou. Alguns irmãos tiveram que se esconder, outros saíram do País, outro foi preso. Só muito tempo depois, em 1945, é que a família se juntou novamente. Por isso, não pude ir à escola; só fiz o Grupo Escolar, e um curso secundário muito precário, que abandonei sem terminar. (...) Mas li muito, desde menino, e sempre frequentei pessoas que me ajudaram intelectualmente. (...) Minha família era formada de gente culta”. (*) Luiz Roberto Serrano, que teve grande vivência em redações (em Veja, Exame, IstoÉ, Gazeta Mercantil e Valor Econômico, entre outras) e na comunicação corporativa, foi até 2022 superintendente de Comunicação Social da USP, na gestão do reitor Vahan Agopyan, e ali continua com outras atribuições, especialmente junto ao Jornal da USP.

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==