Jornalistas&Cia 1404

Edição 1.404 página 17 DIA DO JORNALISTA Centenário de Claudio Abramo seria destroçada pelo AI-5 − sem perder a dignidade e nem o compromisso democrático devido à falta do poder de fogo que não faltava ao Estadão. Não poderia estampar sucedâneos de versos dos Lusíadas ou das receitas culinárias que substituíam matérias censuradas na Casa dos Mesquita sem experimentar o risco de portas fechadas ou retaliações estranguladoras. (Talvez o humor refinado do escritor Luís Fernando Veríssimo esclareça melhor aquela realidade. Ele escreveu que os gaúchos, quando iam mais demoradamente ao banheiro, levavam o Correio do Povo, o “Estadão de Porto Alegre”, para ler. De certo modo, é pertinente lembrar que o Estadão podia cumprir idêntico papel entre os paulistas, patamar que a Folha ainda buscava). A cobertura do efervescente movimento estudantil naqueles idos de 1960, principal resistência a se levantar, constituiu, no meu entendimento, um atestado de habilidade político-jornalística da gestão Abramo. A partir daquela jornada, a Folha passou a ser abraçada pela comunidade acadêmica, em consonância com os jovens universitários agregados em passeatas e acampamentos de protestos pelo País, algo que pesaria na sua futura expansão. Claudio soube entender e processar todo aquele cenário. Penso que o Grupo Folha deva erguer um busto de Claudio Abramo no saguão para historiar reconhecimento. Victor Civita mandou chumbar no salão de entrada da Avenida Marginal a impressora Weber que trouxe dos Estados Unidos para imprimir O Pato Donald que plantou o Império Abril. (NdaR: Zé Maria foi quem trouxe a J&Cia a informação e a ideia de homenagear Claudio Abramo pelo seu centenário de nascimento)

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