Jornalistas&Cia 1385

Edição 1.385 página 32 Nosso estoque do Memórias da Redação continua baixo. Se você temalguma história de redação interessantepara contar mande para [email protected]. n Reproduzimos aqui texto que Jorge Antônio de Barros ([email protected]) publicou no Quarentena News sobre a morte, nesse dia 12/11, de Magda Almeida, que diversas vezes colaborou com histórias para este Memórias. Jorge atuou em Jornal do Brasil, O Dia e O Globo, e foi diretor de comunicação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio. É membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Especializado na cobertura de segurança pública com viés em defesa de direitos humanos, criou o blog Repórter de Crime, um dos mais lidos do site do Globo até 2012. Jorge Antônio Barros O adeus a Magda Almeida Morre em Porto Alegre colunista do Quarentena News, após completar 50 anos de jornalismo “Ao longo dos meus quase 50 anos de carreira, muito vi, muito ouvi e muitas vezes quase nada perguntei, porque os fatos falavam por si. Hoje, relendo minhas anotações (as que resistiram ao tempo do papel) ainda me impressiono com a quantidade de vidas que passaram pela minha − artistas nacionais e estrangeiros, reis, rainhas, políticos honestos e outros nem tanto, pobres, ricos, bandidos, mocinhos e aquele universo da gente comum que move o mundo. Desses todos, houve quem passasse por mim para desaparecer sem deixar rastro. Mas nessa caminhada também encontrei alguns poucos que, por várias razões, ficaram na memória como bons exemplos de sabedoria. Dramas e comédias, emoções (boas e ruins) não faltaram nesse grande palco que é a vida”. O texto acima é de Magda Almeida, jornalista, numa de suas primeiras colunas que enviou “Direto de Porto Alegre”, para o Quarentena News, em junho de 2020. Lamento profundamente informar que ela nos deixou essa noite de 12 de novembro de 2022, aos 81 anos, justo numa semana em que perdemos tanta gente boa, como Gal, Rolando e Ricardo Gontijo (também jornalista). Aprendi desde o início da carreira a admirar sua pena firme e arguta, seu olhar sensível, quando corria com ela, eu pelo JB, e ela pelo Estadão, o bravo matutino do qual sempre fui leitor desde a época de faculdade. Além de tudo, Magda fez parte daquela equipe mitológica do Jornal do Brasil em plena ditadura, da qual só fui fazer parte em 1981. Repare só no que ela escreveu sobre os tempos áureos do JB, em sua coluna no Observatório da Imprensa, em 2015: “Muitos já me perguntaram que diabos aquele Jornal do Brasil das décadas de 1960 e 70 tinha de tão extraordinário para ser tão incensado entre aqueles que tiveram o privilégio de lá trabalhar. Ou viver, porque aquele templo meio sagrado não era um lugar onde apenas se trabalhava. Vivia-se a vida por inteiro, com seu lado escuro, sombrio, ardiloso, multifacetado, mas, ali, ela também se apresentava com imensa clareza a nos mostrar caminhos ensolarados que nos serviam de guia. Éramos muito jovens, sonhadores, tudo bem, ainda um tanto imaturos em nossas aventuras, mas pujantes em nossos ideais por um jornalismo mais sério e responsável. Queríamos fazer escola e, de certa forma, a fizemos. Levas e levas de estudantes de Jornalismo do Brasil e do exterior, principalmente da América Latina, corriam até aquele lendário prédio da Avenida Rio Branco, coração nervoso de um Rio já falecido, em busca do que não conheciam, não experimentavam, não vivenciavam. Seus heróis éramos nós. (...)” Magda com a filha Fernanda, em 2014, e nos tempos do JB Pág.1

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