Jornalistas&Cia 1380

Edição 1.380 página 23 conitnuação - Comunicação Corporativa pois do outro lado há pessoas que conhecem melhor o que fazemos. J&Cia – Está nos planos algum grau de aproximação com as demais agências de PR do Grupo Omnicom, como as do Grupo In Press e a Ketchum? Fábio – Não há nada assimnos planos. Eles são concorrentes e continuarão sendo. J&Cia – No processo de transição, desde a venda do controle da CDN, houve grandes mudanças no time, que historicamente sempre teve grande presença de jornalistas. O que tem mudado nesse sentido? Fábio – Continuamos com muitas pessoas com formação em jornalismo, mas temos um time cada vez mais diverso, incluindo publicitários, cientistas sociais, cientistas de dados etc. Essa diversidade nos ajuda a ter uma visão do PR que se apoia fortemente na inteligência de dados, que consideramos ser a matemática dos relacionamentos, para elaborar soluções eficientes e efetivas para nossos clientes. J&Cia – Pode detalhar o perfil atual da equipe em termos de formação profissional, geracional, étnico-racial, LGBTQIA+? Fábio – Fizemos recentemente um levantamento para medir o quão diverso é o time. A maioria do nosso pessoal (63%) é de mulheres. Também temos uma boa diversidade etária: 14% têm mais de 50 anos, 27% têm entre 21 e 30 anos, 32% têm entre 31 e 40 anos, 32% têm entre 40 e 50. Temos um quarto da agência que vive fora de São Paulo, não apenas no Rio e emBrasília, onde temos clientes, mas também no interior, em outros Estados e até emoutros países. Umquarto das pessoas se identifica como LGBTQIA+ e 40% se identificaram como não brancos; dentre esses estão os 30% que se declaram negros (pretos ou pardos). Ainda temos umnúmeromuito pequeno de pessoas trans e estamos abaixo do percentual de negros na população. E precisamos de mais diversidade na liderança. J&Cia – Tem havido, a propósito, mudanças nas políticas de atração e retenção de talentos, sobretudo considerando-se os desafios atuais demontar emanter equipes de alto nível e grande engajamento? Fábio – Um dos principais desafios de nosso mercado é atrair e, principalmente, reter talentos, como sabem todos que atuam em agências. Nossa principal ação nesse sentido é apostar na formação das pessoas, desenvolver e aprofundar capacidades e habilidades, e num ambiente de trabalho inclusivo e de muito respeito às individualidades. Na CDN, as pessoas têm liberdade de realmente serem o que são. Não falo apenas de questões envolvendo orientação sexual, mas de questões mais práticas, da vida de cada um. Se é um valor para um funcionário levar diariamente o filho na escola, vamos tentar construir rotinas que permitam que isso aconteça na maioria dos dias. Essa flexibilidade só o trabalho híbrido permite. J&Cia –Onegócio da comunicação e, emparticular, das agências, tem passado e continua passando por grandes transformações. Tanto estruturalmente, por força da tecnologia, da web e das redes sociais, ensejando a diversificação de serviços, quanto conjunturalmente, em decorrência sobretudo dos efeitos da pandemia da Covid-19. Como a CDN de 2022 enxerga esse cenário e como tem buscado sinergia e adaptação a ele? Fábio – Na CDN, acreditamos que o PR, mais do que nunca, é uma ferramenta de marketing. Quando digo isso, não significa abandonar a ideia de que o PR é uma ferramenta de construção de reputação. Mas, sim, que hoje não há marketing sem reputação. Assim, mesmo que não nos reportemos diretamente aos líderes demarketing dos clientes, buscamos sempre estar alinhados e em sinergia com eles. Num mundo multipolar, com diversificação de vozes (hoje somos todos mídia e somos todos fontes de informação e opinião), a ideia de que é possível “dominar a narrativa” por meio de ações de marketing e comunicação é um equívoco. O que o mundo confuso, complexo e instável nos pede hoje é diálogo, é capacidade de ouvir e entender o que os públicos de interesse precisam, é a capacidade de responder com fatos, dados e argumentos fundamentados a essas demandas. Ora, a isso se chama relacionamento. Essa é a nossa praia. J&Cia – A CDN tem, entre suas ações pioneiras, a construção do IQEM, Índice de Qualidade de Exposição na Mídia. Mas hoje medir apenas a mídia não conta muito, embora continue importante. Quais os planos da agência para esse serviço? Fábio – Medir a exposição na chamada earned media conta muito, sim. A imprensa segue sendo um relevante fator na formação da reputação dasmarcas, influenciando inclusive as redes sociais. Mas, já há muitos anos, o IQEM tambémpode ser usado para medir a exposição das marcas nas mídias sociais. É o produto que chamamos de IQEM-S (s de social, claro). A renovação que estamos fazendo no IQEM é agregar ainda mais inteligência artificial ao produto, sem reduzir a fundamental e espessa camada de inteligência humana que ele já possui. Tornamos o algoritmo muito mais complexo: ele continha sete variáveis e agora passará a ter 17. Além disso, estamos trazendo novas fontes de dados, que vão permitir ter um primeiro resultado em tempo real, que depois será aprofundado pela análise humana. Por fim, temos transformado o IQEM, cada vez mais, emuma ferramenta de produção de insights estratégicos, reforçando nossa prática de PR baseado em dados. J&Cia – Qual o atual perfil da carteira de clientes da CDN? Fábio – ACDN temuma carteira muito diversa. Mas temos por característica atender a grandes clientes com grandes questões de comunicação, sejam marcas de consumo, empresas B2B ou, como eu prefiro, empresas B2P, business to people. Afinal, mesmo que estejamos falando de uma empresa que apenas vende insumos para outras, há uma expectativa de que ela comunique seus valores e provoque impacto positivo na sociedade. Hoje, temos em carteira clientes como Pfizer, Braskem, Samsung, Latam, SuperVia, Warner, Pacaembu, além de contas públicas relevantes. Fazemos a comunicação digital doGoverno do Estado de São Paulo, por exemplo. Na área de inteligência de dados, temos Itaú, Nestlé, Febraban, Porto Seguro, Citi, dentre outros. J&Cia – Como a agência espera fechar 2022? Fábio – Vamos fechar o ano entregando o resultado (EBTDA) pretendido pelos controladores. Por fazermos parte de uma holding comcapital aberto na Bolsa deNova York, não podemos abrir números. Posso dizer que tivemos um crescimento de receita em relação a 2021, que já foi um ano bastante positivo, depois de dois anos muito difíceis (2019 e 2020).

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