Edição 1.378 página 9 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS Internacional, iniciativa da SembraMedia que mapeou o jornalismo nativo digital em América Latina, África e Sudeste Asiático. Para Moreno Osório, pesquisador e professor de Jornalismo na PUCRS e cofundador do Farol Jornalismo, o surgimento de mídias de nicho complexificou a esfera pública, colocando em jogo outros pontos de vista: “Nos últimos dez a 15 anos, o jornalismo digital trouxe diversidade, chamou a atenção para coisas que a gente não enxergava, para determinados grupos de pessoas e segmentos sociais que não apareciam, e isso com certeza enriqueceu as discussões no Brasil”. Embora haja um avanço de organizações que nascem para cobrir territórios e temas pouco representados, o jornalismo digital também esbarra em entraves históricos. Segundo o Atlas da Notícia, 62,4% dos municípios do Nordeste ainda são desertos de notícias, o segundo maior percentual do Brasil. As iniciativas que surgem na região enfrentam a falta de recursos e de visibilidade nacional. Para romper com o estigma e impulsionar iniciativas de mídia, um grupo de mulheres jornalistas nordestinas lançou, em 2020, a Cajueira: uma newsletter de curadoria de conteúdos produzidos pelo jornalismo independente nos nove estados do Nordeste. Em 2022, a Marco Zero Conteúdo lançou o Lume, um aplicativo curador de conteúdo que une comunicação e tecnologia para melhorar a acessibilidade de pessoas cegas ou com baixa visão ao consumo de conteúdo jornalístico de qualidade produzido na região. “Não é só relativo à mídia nordestina, é relativo a cultura, economia e política da região. O Nordeste é uma região invisibilizada e que sofre com o preconceito e com a falta de visibilidade”, afirma Carolina Monteiro, professora de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e cofundadora da Marco Zero. “Sempre quisemos que houvesse uma mídia independente forte, pulsante e relevante na região, e sempre fizemos o que estava ao nosso alcance para fortalecer esse ecossistema”. Além do Lume, o veículo digital lançou um manual de boas práticas para um jornalismo mais inclusivo, além de uma ferramenta de diagnóstico de acessibilidade para veículos. Também é responsável pelo Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco e um dos realizadores do Festival Fala!, evento de jornalismo de causas que teve sua terceira edição em agosto de 2022. Para Carolina, a inovação do jornalismo do século 21 vem da comunicação feita nas periferias do País: “O que há de novo realmente no jornalismo não é a Marco Zero. O que é inovador é você ter grupos, principalmente formados por jovens nas periferias, alcançando essa visibilidade, tamanho, proporção e impacto”. A Agência Mural é um dos exemplos desse jornalismo feito Moreno Osório Carolina Monteiro
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