Jornalistas&Cia 1378

Edição 1.378 página 7 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS Em junho de 2019, uma série de reportagens chocou o País ao revelar conversas realizadas através do aplicativo Telegram entre o então juiz Sergio Moro, o então promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato. O escândalo político, que ficou conhecido como Vaza Jato, foi um furo do The Intercept Brasil, uma agência de conteúdo nativa digital focada em jornalismo investigativo. Eram tantos os áudios e documentos, que o grupo convidou outros sete veículos, entre iniciativas digitais e também mídias tradicionais, para ajudar na cobertura. Além de ter impactado – e seguir impactando – o País politicamente, o caso também é emblemático do ponto de vista do jornalismo. O The Intercept Brasil ganhou uma relevância nacional comparável a organizações tradicionais de imprensa − e conseguiu aumentar substancialmente seus apoiadores. A investigação também ficou conhecida como um caso de sucesso na colaboração entre meios. O reconhecimento da potência do jornalismo digital brasileiro também vem de fora. Em 2018, o Nexo Jornal, veículo digital de São Paulo focado no jornalismo explicativo e em visualização de dados, ganhou o prêmio LATAM Do global ao local: como o jornalismo digital causa impacto na política, na sociedade e em territórios Digital Media Awards, da WAN-IFRA (Associação Mundial de Editores de Notícias), como melhor site ou serviço mobile de notícias da América Latina. O veículo disputava contra o Clarín e o La Nación, os dois maiores jornais da Argentina. Ao longo dos anos, o ecossistema do jornalismo digital não somente tem conseguido pautar o debate público nacional e ganhar relevância no setor informativo, mas também vem avançando na luta por justiça e oportunidades para entornos periféricos e por visibilidade a temáticas sub-representadas na imprensa tradicional. “O nosso jornalismo salva vidas. Já salvamos uma pessoa que estava dentro do camburão da polícia. Ninguém sabia onde ele estava e, se tivéssemos interferido, não saberíamos se ele iria sair vivo. Jornalismo que tem compromisso com o impacto real”. É assim que Jéssica Santos, editora de relacionamento da Ponte Jornalismo, define a linha editorial do veículo. Lançada em 2014, a organização tornou-se referência na cobertura de segurança pública. É o primeiro veículo nacional a acompanhar regularmente casos de condenações e prisões sem provas, ajudando a libertar pessoas presas injustamente. “Antes, eu não acreditava que o jornalismo tinha esse poder de mudança real, até entrar na Ponte. Nesses últimos dois anos, tenho visto como o jornalismo pode fazer a diferença de fato na vida das pessoas menos privilegiadas”, conta Santos. “Nossa luta e insistência acabou pautando a grande imprensa ao longo dos anos. Tem muito jornalista da grande mídia que nos acompanha. Se há dez anos não ouvíamos falar sobre prisões injustas, hoje vemos isso no horário nobre do Fantástico”, completa. O uso de recortes de gênero e direitos humanos para orientar a produção jornalística é uma característica comum do jornalismo digital. É o que mostra o estudo Ponto de Inflexão Jéssica Santos durante o evento Media Party, em 2022, na Argentina HacksHackersBA

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