Jornalistas&Cia 1378

Edição 1.378 página 60 Inscrições até 30 de setembro tradição dos vespertinos. “A Folha da Tarde foi uma resposta mercadológica do Grupo Folha, comandado por Octávio Frias de Oliveira, pai, e seu sócio, Carlos Caldeira Filho, ao Grupo O Estado de S. Paulo, o mais forte e prestigiado órgão da imprensa paulista em meados dos anos 1960” – escreveu um dos jovens repórteres, Edgard Soares, meu amigo, no preâmbulo de Os Meninos da Folha da Tarde. O editor de Esportes era Celso Brandão, um homem sofisticado, de apenas 28 anos, autor de uma cuidadosa coluna diária, que mesclava, com raro brilho, notícias, bastidores e análises dos jogos. Tinha como braço direito Miguel Arcanjo Terra, o superTerra, responsável por manchetes memoráveis e pelos esmerados e irrequietos textos das páginas esportivas. “Trabalhar na Folha da Tarde foi minha melhor e mais rica experiência jornalística”, confessou na contracapa da obra o chefe de Reportagem Carlos Alberto Libânio Christo, nome completo do Frade dominicano Frei Betto, que se tornaria um dos assessores próximos do expresidente Luis Inácio Lula da Silva. Era, naturalmente, proibido proibir. E, imbuídos desse slogan, sem lenço e sem documento, saíamos, diariamente, à caça de grandes novidades para as nossas manchetes – e as disputadíssimas chamadas na primeira página. Foi naquela redação que surgiria, por exemplo, a maior torcida organizada do País, a corintiana Gaviões da Fiel, incentivada pelo mesmo Edgard Soares, ilustríssimo adepto do Corinthians – e há anos, juntamente com Flávio Adauto, outro dos meninos, conselheiros vitalícios do clube. Ganhou corpo também, nas imediações do jornal, nas mesas do Restaurante 308, à alameda Barão de Campinas, no fundo das Folhas, a dura oposição ao presidente do Corinthians Wadih Helou, promovida ainda por Edgard Soares – e que levaria, anos mais tarde, à consolidação da denominada “Democracia Corinthiana”. Foi no mesmíssimo ano de 1968, pela mesma Folha da Tarde, que eu e os meninos, empolgados, até quem não era corintiano, cobrimos, numa noite de quarta-feira, no Pacaembu, a quebra do tabu de 12 anos do clube do Parque São Jorge contra o Santos, por 2 a 0. Um jogão e muita festa pela façanha de vencer o poderoso time do Pelé. Acreditamos que a chave do sucesso estava no banco de reservas – precisamente na figura do treinador Luis Alonso Pérez (1922-1972), o Lula. Fora o técnico dos anos de ouro do Santos e havia sido contratado por Helou para acalmar a torcida e a oposição dos conselheiros. A vitória corintiana foi muito comemorada, como disse, na própria Folha da Tarde, porém, os meninos não deram trégua aos desmandos autoritários da presidência do clube e aos conflitos entre os jogadores. Eu mesmo produziria uma bombástica matéria que redundaria numa histórica manchete: “LOURO ACUSA” – em caixa bem alta, na contracapa do jornal, seguida de uma ‘linha fina’, onde estava estampado: “Édson e Rivelino sabotam os novos”. A reportagem reunia um exclusivo depoimento do promissor lateral-direito Louro (1946-2005), contratado ao Fortaleza, no qual denunciava dois veteranos, o carioca Édson, vindo dois anos antes do Bonsucesso, e o paulistano Rivelino. Estes estariam boicotando, para além do cearense, os atacantes Paulo Borges (1944-2011), Buião, de 76 anos, e Eduardo (1943-1969), trazidos, respectivamente, de Bangu, Atlético Mineiro e América do Rio. Eu tinha uma fonte especial no elenco do Corinthians – e foi ele quem me disse que Louro estava descontente e precisava desabafar. Fui conversar com ele e obtive a confirmação. O meu trabalho foi convencê-lo a assumir publicamente as acusações. Consegui, mediante um acordo de que, para se defender dentro do clube, ele negaria alguns itens. Contudo, acabou deixando o Parque São Jorge e prosseguiu a carreira no seu Fortaleza, sempre com êxito, passando também pelos pernambucanos Santa Cruz e Sport. Quanto à fonte, mesmo decorridos 54 anos, não revelarei o nome. Ele era titular da equipe e sabia o que estava acontecendo no meio dos jogadores, numa época na qual o Corinthians montava verdadeiros timões, entretanto, não ganhava título. Foi um ano que não terminou, para Zuenir Ventura, mas, infelizmente, assinalaria o fim precoce daquela irreverente e ousada Folha da Tarde de Miranda Jordão e dos meninos da editoria de Esportes de Celso Brandão. Transformou-se rapidamente em um jornal policialesco e abertamente a favor do regime militar. Celso Brandão (esq.), o fotógrafo Armando Barreto, Albino Castro e Narciso James (de costas) Jornalistas&CiaéuminformativosemanalproduzidopelaJornalistasEditoraLtda. •Diretor: EduardoRibeiro ([email protected]–11-99689-2230)•Editorexecutivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: FernandoSoares ([email protected] – 11-97290-777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Anna França ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-999151295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected] – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro ([email protected] – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539)

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