Edição 1.378 página 5 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS Popular de Pernambuco traça o panorama da comunicação popular e independente daquele estado nordestino. Ao todo, 42 iniciativas populares foram mapeadas no projeto, realizado pela Marco Zero Conteúdo. Segundo dados do levantamento, essas organizações tiveram um papel central na comunicação para se contrapor à onda de desinformação propagada, inclusive por autoridades públicas, que reverberavam nos territórios periféricos durante a pandemia. “Foram eles que mobilizaram a sociedade em centenas de campanhas de arrecadação de alimentos, desde o início da pandemia, para combater a fome. Em sua maior parte, nasceram e estão vinculados aos territórios mais vulneráveis social e economicamente, conhecem de perto a realidade da vida das pessoas com as quais se comunicam”, afirma o relatório do mapeamento. Em iniciativa similar, a Énois lançou o Mapa do Jornalismo Local, que mapeou 140 iniciativas de jornalismo local e periférico em São Paulo e na Região Metropolitana da capital paulista. Ambos os projetos destacam que são pessoas negras que estão na liderança dessas iniciativas, dado que se contrasta com a realidade da imprensa brasileira. Segundo a pesquisa Perfil Racial da Imprensa Brasileira, lançada em 2021 pelo Jornalistas&Cia, apenas 20,10% dos jornalistas das principais redações do país se declararam pretos e pardos. A diversidade é uma das palavras-chave para o jornalismo digital brasileiro. Seja na descentralização da produção informativa, na inovação da distribuição de conteúdos e em formas de gerar receita, ou no protagonismo de grupos invisibilizados, este é um setor em constante crescimento no País e o responsável por contribuir para um ecossistema informativo que se torna mais plural e democrático. No entanto, assim como o jornalismo tradicional, as iniciativas digitais enfrentam desafios para a sua sobrevivência. Um deles é a sustentabilidade financeira. O outro, uma “fadiga informativa” generalizada. Segundo o Digital News Report 2022, mais da metade dos brasileiros (54%) dizem às vezes evitar ler notícias. Se a pandemia deu um impulso ao jornalismo em 2020, agora ela é uma das responsáveis por afastar o público das telas, assim como a alta da inflação e a polarização política. O descrédito do jornalismo também vem acompanhado de um aumento crescente no número de ataques a comunicadores. Pela primeira vez em 20 anos, o Brasil passou, em 2021, para a chamada “zona vermelha” do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), quando há alto risco para o exercício da atividade profissional. É nesse ambiente de constante transformação tecnológica, social e política que o jornalismo digital se reinventa, inova e busca mais espaço. (*) Fernanda Giacomassi é coordenadora de Comunicação da Ajor (Associação de Jornalismo Digital), especialista em estratégia digital, gestão de mídias sociais e jornalismo nativo digital e empreendedor.
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