Jornalistas&Cia 1378

Edição 1.378 página 42 Inscrições até 30 de setembro De Londres, Luciana Gurgel Inscreva-se em mediatalks@ jornalistasecia.com.br para receber as newsletters MediaTalks trazendo notícias, pesquisas e tendências globais em jornalismo e mídias sociais. As redes sociais são objeto de críticas por motivos diversos. No Reino Unido, a questão principal é o risco a crianças, que desde a semana passada voltou a ficar em evidência por dois fatos independentes que acabam se cruzando. A imprensa acompanha uma sinalização do novo governo sobre mudanças no projeto de lei da Online Harm Bill. O projeto foi apresentado em 2020 como iniciativa ousada para tornar o país o mais seguro domundo para crianças na internet, e chegou ao Parlamento em 2021. Mas está empacado. A possível alteração é um relaxamento que não agradou a entidades que defendem mais rigor em relação a assédio infantil e acesso das crianças a conteúdo nocivo: não obrigar as plataformas a removerem conteúdo de risco, porém legal. A questão é a de sempre: os que querem mudanças alegam que dar às plataformas a responsabilidade de remover conteúdo representa poder excessivo. Para a ONG Open Rights, o projeto de lei britânico em sua forma atual “efetivamente terceiriza o policiamento da internet, passando-o da polícia, tribunais e Parlamento para o Vale do Silício”. Os que são a favor dizem que, sim, cabe a elas retirar em nome do interesse maior da sociedade sem depender os poderes constituídos. Esse dilema está sob os holofotes desde a semana passada nas audiências do inquérito de um caso que chocou o país: o suicídio de Molly Russel, de 14 anos, em 2017. Nas investigações, descobriu- -se que das 16,3 mil postagens que a menina salvou, compartilhou ou curtiu no Instagram nos seis meses antes da morte, 2,1 mil eram sobre depressão, automutilação ou suicídio. Ian, pai de Molly, empreende uma campanha para endurecer a legislação e responsabilizar as plataformas digitais. Nas audiências, representantes de Pinterest e Meta foram conSegurança das crianças nas redes sob escrutínio no Reino Unido vocados a responder a questões levantadas por peritos e advogados da família. O teor dos depoimentos ilustra as diferentes visões sobre o tema, mesmo entre as plataformas. Judson Hoffman, chefe de operações do Pinterest, disse “lamentar profundamente” as postagens vistas por Molly, afirmando que não as mostraria aos filhos. E se desculpou ao admitir que a plataforma “não era segura” quando a jovem a usou. A Meta seguiu por outro caminho. A chefe de Saúde e Bem Estar da empresa, El izabeth Lagone, voou dos EUA para participar do inquérito. Depois de passar uma hora na segunda-feira vendo posts acessados por Molly sobre suicídio, drogas, álcool, depressão e automutilação, a executiva disse achar seguro que as pessoas pudessem se expressar. Ela considerou os posts “em geral admissíveis”, mas reconheceu que duas das postagens violaram as políticas da plataforma. No entanto, defendeu a tese de que é “importante dar voz a pessoas” com pensamentos suicidas. Um legista questionou o direito da Meta de tomar decisões sobre qual material é seguro para crianças verem. A executiva disse que as decisões são tomadas em colaboração com especialistas. E apresentou as diretrizes do Instagramna época da morte de Molly, autorizando conteúdo sobre suicídio e automutilação para «facilitar a união para apoiar» outros usuários, mas não se isso «incentivasse ou promovesse». Bem preparada, Lagone foi evasiva quando perguntada se o conteúdo poderia ter levado Molly ao ato extremo. E evitou separar jovens ou adultos, sob o argumento de que todos os usuários do Instagram têm mais de 13 anos. Este é um ponto fundamental, pois é complexo equiparar adultos formados a jovens em formação, com as inseguranças naturais da adolescência. Será que eles têm discernimento suficiente para separar o que é “união para apoiar” de “incentivo”? O caso Mol ly está sendo acompanhado atentamente e pode servir como parâmetro para outros processos e para a versão final da Online Harm Bill britânica. Mas nem todos estão com paciência para esperar. Na semana passada, o Ofcom, órgão regulador de mídia, notificou o TikTok por violação da lei e proteção de dados ao não garantir a privacidade de crianças que usam a plataforma, informando que vem aí uma multa de £ 27 milhões. Molly Russell PA Media Elizabeth Lagone HÁ 10 ANOS APERFEIÇOANDO O MERCADO DE COMUNICAÇÃO VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI! A MAIOR FERRAMENTA DE ENVIO DE RELEASES DO BRASIL! MAIS DE 55 MIL JORNALISTAS NO MAILING DE IMPRENSA! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA CONTRATAR?

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