Edição 1.378 página 32 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS às competências necessárias desse novo jornalismo: “Estamos incluindo conteúdos de empreendedorismo e competências ligadas a essa multidisciplinaridade do século 21, a questão da visualização e análise de dados, o marketing digital, design...”. No processo de adaptação, a universidade recifense também quer olhar criticamente para a própria estrutura do curso: “Muitos dos autores que utilizamos são brancos e europeus. Queremos apresentar outras formas de pensamento científico e crítico, com autores e autoras latino-americanos, negros e negras”. A inovação na academia brasileira, no entanto, esbarra no sucateamento e nos cortes na ciência e na educação. Além disso, as transformações digitais, cada vez mais rápidas, são um empecilho para o desenvolvimento de novos currículos. “A academia não é o mercado. O curso universitário tem a responsabilidade de formar cidadãos críticos, além de investigação, ética e apuração. Muitas vezes as instituições entram numa sinuca de bico porque têm que responder às demandas desse mercado, que pede determinados tipos de habilidades muito específicas, e que podem ficar obsoletas dois, três anos depois”, afirma Moreno Osório, da PUC-RS. O especialista destaca a importância da formação complementar, por meio de cursos, oficinas, congressos, para os estudantes que vão entrar nesse mercado de trabalho cada vez mais digital. Para Rafael Sbarai, da Cásper Líbero e da Faap, há algumas competências cruciais para os estudantes de Jornalismo de hoje: “O conhecimento em edição de vídeo, interesse por dados e ferramentas de dados, conhecimento em plataformas de redes sociais e seus algoritmos, leituras profundas sobre estratégias de SEO (otimização de motores de busca, em português) e muita leitura do mercado de tecnologia”. O domínio das ferramentas, no entanto, não deve se sobressair ao domínio das técnicas jornalísticas, afirma a jornalista Luana Copini, uma das colaboradoras pedagógicas do programa Repórter do Futuro. Criada pela Oboré, a iniciativa oferece, há mais de 20 anos, módulos de aperfeiçoamento a estudantes universitários de graduação que desejam aprofundar o conhecimento e a prática da reportagem. “O texto ainda é a base do projeto, porque entendemos que sem texto não existe publicação, nem conteúdo para a rede social, nem roteiro para um vídeo legal. Tecnologia nenhuma substitui o texto jornalístico”, afirma. “O diálogo com a tecnologia é fundamental para o jornalismo de hoje, mas é fundamental retomar os processos de construção da pauta com os estudantes”.
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