Edição 1.378 página 3 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS Por Fernanda Giacomassi (*) É difícil estimar quantas iniciativas de jornalismo digital existem no Brasil. O digital, aliás, expandiu até mesmo as fronteiras do que era considerado jornalismo. A imagem cinematográfica de uma redação gigante localizada no centro de uma metrópole, repleta de computadores, pilhas de papéis e uma corrida constante atrás do melhor furo, é hoje uma exceção para a realidade da imprensa brasileira. Com apenas um celular e uma rede de voluntários, centenas de coletivos e iniciativas espalhados pelo país conseguem denunciar os problemas de suas comunidades, fiscalizar o poder local, divulgar iniciativas socioculturais e dar voz a grupos historicamente invisibilizados. São essas iniciativas que estão contribuindo para o encolhimento dos chamados desertos de notícias no Brasil, regiões nas quais não existem veículos locais de imprensa. O último relatório do Atlas da Notícia, censo que mapeia o jornalismo local no Brasil realizado pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) em parceria com pesquisadores voluntários, identificou 13.734 veículos jornalísticos em atividade no País. Desses, 4.907 são iniciativas online, que agora é o segmento com maior representação no universo do jornalismo local no Brasil. A pesquisa também identificou uma redução de 9,5% no número de municípios considerados desertos de Qual o panorama do jornalismo digital brasileiro? notícias. Apesar da melhora, cinco em cada dez ainda se enquadram nesse perfil. São 2.968 cidades e mais de 29,3 milhões de brasileiros que vivem em regiões sem acesso à informação sobre a realidade local. A tendência, segundo o estudo, é de crescimento acelerado no número de veículos online, o que pode ser explicado, sobretudo, pelas poucas barreiras que existem para a criação de iniciativas nativas digitais. Inaugurar um canal informativo pode ser tão simples quanto abrir uma nova conta no Instagram – desde que feito seguindo preceitos de ética e qualidade jornalística. “A representatividade do jornalismo digital cresce graças à evolução da tecnologia e à possibilidade que os cidadãos do país têm a partir dos acessos a computadores e dispositivos móveis”, explica Rafael Sbarai, professor de jornalismo digital e empreendedorismo na Faculdade Cásper Líbero e na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), ambas em São Paulo. Em 2021, 81% da população brasileira acessaram a internet. Em 2019, o número chegava a 71%. Os dados são da pesquisa TIC Domicílios, levantamento feito pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). O estudo destaca a pandemia de coronavírus como um dos motivos para o aumento da conectividade nos domicílios e de usuários de internet. A emergência sanitária também teve impacto significativo no jornalismo. A busca por informação de qualidade sobre as medidas de proteção contra o vírus e outros dados sobre o avanço da doença alavancou a audiência de veículos. Segundo pesquisa encomendada pela organização filantrópica Luminate, publicada em 2020, 65% dos leitores de veículos digitais aumentaram o consumo de informação desde a chegada da crise. O estudo entrevistou 8.570 pessoas de 18 a 65 anos em quatro países da América Latina, incluindo o Brasil. O período também foi marcado pela criação e consolidação de iniciativas digitais, que se organizaram para suprir a necessidade de informação sobre a pandemia, principalmente em territórios periféricos. Lançado em abril de 2022, o Mapa da Mídia Independente e Rafael Sbarai acervo pessoal
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