Edição 1.378 página 13 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS Se a pandemia do novo coronavírus potencializou a audiência digital do jornalismo, também escancarou a queda na receita publicitária, o que atingiu principalmente a mídia tradicional. Por não depender excessivamente da venda de anúncios, a mídia nativa digital não sofreu enormes perdas financeiras entre 2020 e 2021, segundo o estudo Ponto de Inflexão Internacional, da SembraMedia. Entretanto, a pesquisa aponta uma preocupação pela dependência dessas iniciativas por subvenções como principal via de recursos. Nos últimos anos, organizações como Google e Meta vêm apostando em programas de aceleração de veículos e projetos de mídia. Muitas vezes realizadas com a colaboração de associações ou entidades de apoio ao jornalismo, essas iniciativas oferecem capacitação de jornalistas para as áreas de negócio e tecnologia, duas lacunas comuns entre comunicadores que querem empreender na área. “O conceito de jornalismo independente é um conceito em disputa, não há uma resposta única sobre o que ele significa. Mas podemos olhar para dois aspectos: o da independência financeira e o da independência de interesses, que estão interconectados”, afirma Moreno Osório. “O diferencial desse tipo de jornalismo digital está justamente na busca por um modelo de negócio que permita a sustentabilidade financeira, ao mesmo tempo que possibilita uma expansão dos horizontes editoriais”. Segundo o especialista, a busca por receita no ambiente digital mudou o foco dos veículos, dos anunciantes para a audiência. “Um modelo de negócio viável é aquele que transmite para as pessoas que o jornalismo feito pela organização é importante e tem impacto real. Acho que a pandemia é um bom exemplo disso, as pessoas passaram a valorizar mais o jornalismo. O desafio agora é como sustentar essa ideia”, conclui. A corrida por sustentabilidade e independência financeira As muitas possibilidades de monetização Além da escuta ativa da audiência, a sustentabilidade financeira do jornalismo digital passa, segundo especialistas, pela diversificação das fontes de receita. Doações, serviços de consultoria, modelos de assinatura de conteúdo e subvenções por fundações são algumas das 30 possibilidades de financiamento para o jornalismo digital apontadas pela pesquisa Ponto de Inflexão. Não existe fórmula mágica de sucesso, no entanto. O processo de decisão sobre a melhor estratégia de financiamento depende dos objetivos de cada organização, se ela tem fins de lucro ou não, qual a sua estrutura de equipe e o potencial de alcance de sua audiência, por exemplo. A busca por diferentes ingressos foi um dos focos dos fundadores da Marco Zero Conteúdo desde o início da organização, em 2015. O veículo sem fins lucrativos aposta na venda de cursos, nas doações de leitores e em bolsas e editais de fomento ao jornalismo. Em 2017, conseguiu um financiamento institucional da Oak Foundation, o que garante a sustentabilidade da organização. “O apoio internacional foi um reconhecimento ao trabalho que estávamos fazendo como organização de jornalismo independente do Nordeste. Mas demandou muito trabalho de planejamento estratégico e de gestão do nosso lado, coisas com as quais não estávamos acostumados”, afirma Carolina Monteiro. A cofundadora da organização defende a importância de que iniciativas filantrópicas aportem financiamento institucional ao jornalismo: “O financiamento de projetos específicos é importante e funciona como complemento, mas os veículos precisam de estabilidade para os negócios a longo prazo”. O foco no público Persuadir o leitor para que ele pague para ler notícias continua sendo uma questão crítica para o jornalismo. Enquanto algumas organizações digitais seguem os veículos tradicionais no uso de modelo de assinatura com base em paywall,
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