Jornalistas&Cia 1378

Edição 1.378 página 11 Inscrições até 30 de setembro 27ANOS por e para as periferias brasileiras. Desde 2010, a rede de correspondentes formada por dezenas de comunicadores que moram ou cresceram em bairros e cidades da região metropolitana de São Paulo vem trabalhando para quebrar os estereótipos sobre essas regiões, cobrir as lacunas de informação e criar identificação entre os moradores e seus territórios. “O jornalismo em rede está no nosso jeito de atuar desde que nascemos, lá atrás, como um blog. Sempre com a união de muitos dos nossos que entendem a importância de trazer nossas histórias e um olhar com base em quem está no território”, afirma Paulo Talarico, editor-chefe da Mural. “Isso é importante porque ajuda a unir experiências diferentes e com um mesmo objetivo, que é fazer jornalismo de qualidade e ter mais impacto com as histórias que contamos. As periferias são plurais e a vivência que há na Brasilândia e em Heliópolis são distintas, mas há coisas que unem essas visões e podem render importantes reportagens”. Em seus quase 12 anos de história, a organização já formou mais de 400 “muralistas” – como chama seus correspondentes –, fez parcerias com veículos como a Folha de S.Paulo, o UOL e a Band TV, lançou os cursos sobre educação midiática e jornalismo local para escolas e universidades, e foi um dos membros fundadores da Associação de Jornalismo Digital. Para Talarico, o jornalismo brasileiro tem avançado na cobertura sobre as periferias, mas ainda é muito focado em notícias sobre violência ou carências: “Muitas vezes, quando não chegam por esses vieses, apontam para caminhos como o assistencialismo ou histórias de superação focadas no mérito individual. Mas há muito mais a abordar. As lacunas estão justamente em como trazer histórias sobre as políticas públicas com um olhar mais local, as histórias de pessoas que fazem e tentam transformar suas periferias, falta mais informação sobre termos os mesmos direitos que toda a cidade. Atuamos no sentido de mostrar tudo isso e enfatizar as potências em diversos segmentos”. Além de dar mais visibilidade às periferias e ressignificar o que é pertencer a essas regiões, o jornalismo digital e independente tem trazido novas perspectivas para comunicadores locais: “Pouco a pouco, jornalistas de territórios têm ocupado espaços antes muito difíceis de acessar nas grandes redações”. Paulo Talarico durante reunião com a rede de colaboradores, em 2022 Encontro de “muralistas” da rede, em 2022 Léu Britto/Agência Mural Léu Britto/Agência Mural

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